Educadores de Teixeira de Freitas recebem Cipriano Luckesi
O Doutor em Educação e professor Cipriano Carlos Luckesi, um dos maiores nomes de referência em avaliação da aprendizagem escolar, ministrou, na noite desta segunda (23) no auditório do Espaço D, uma palestra de grande relevância aos profissionais da Educação que se fizeram presente. “Avaliação em Educação: parceria para o ensino escolar bem-sucedido”, temática ministrada para mais de 1000 educadores que lotaram o auditório do Espaço D. “Nós seres humanos somos aquilo que nós aprendemos nas diversas áreas e convivência com outros (cuida de si e dos outros) ”.
Promovido pela Prefeitura de Teixeira de Freitas através da Secretaria de Educação e Cultura, o evento teve como abertura, a apresentação dos estudantes da Escola Municipal Alcenor Alves Barbosa, que com seus “vozeirões”, encantaram todo público presente. São eles, os agora nacionalmente conhecidos por viralizar nas redes sociais, Noemi Santos e Anderson Silva, ambos com apenas 12 anos e agora com mais de 4 milhões de visualizações em seus vídeos.
Em sua apresentação da noite, além de sua já conhecida interpretação “Conquistando o Impossível”, cantaram “Volte a Sonhar” e “Quando eu Chorar”, músicas de cantores gospels nacionais.
Em seu breve pronunciamento o Secretário de Educação e Cultura Hermon Lopes de Freitas, agradeceu a presença de todos em nome do Prefeito Temoteo Alves de Brito, citando a relevância de seu apoio a execução do evento, dando assim boas-vindas ao Prof.° Dr. Cipriano Luckesi e a todos os participantes. Atentando a importância da palestra, destacou: “a educação como construção, implica na relação que se estabelece entre saberes e fazeres e a complexidade que é o processo de educar”, assim finalizou Hermon.
Durante palestra, Luckesi demonstrou vários conceitos de “Avaliação”, tendo como objetivo informar, orientar, alerta, conscientizar e proporcionar um olhar mais amplo sobre a maneira de avaliar os nossos educandos, forma na qual os educadores deveriam se portar, avaliando (durante o processo de ensino aprendizagem, na aplicação de provas, trabalhos…).
Falando ainda, contou ter sido multirrepetente, repetindo o 3º, 4º e 5º ano. Segundo ele essa situação contínua de repetência, só mudou quando seu professor de língua portuguesa, decidiu cuidar dele e de seus colegas, dizendo: “se vocês forem bem cuidados, não serão mais repetentes, eu vou cuidar de vocês”.
“E assim eu nunca mais repeti de ano, pois se aprendermos a ler e escrever, o resto vem. Eu aprendi”, completou Luckesi a respeito de suas experiências como estudante. Ainda muitas outras histórias e experiências foram contadas, o que prendeu o público de educadores e convidados até o final de sua palestra.
Comunicativo e simpático ele por final abriu ao público perguntas e disponibilizou seus contatos, abrindo assim um canal de diálogo contínuo por meio dos endereços de email (ccluckesi@gmail.com) e blog (luckesi.blogspot.com).
De acordo com o Dr. Cipriano Luckesi, a primeira característica básica de uma organização presente, é a de que, se adote uma filosofia e um olhar sistêmico, isso é, onde “se incluem todos e todos trabalham pela mesma proposta” e que o objetivo fundamental da escola é que todos aprendam. “Só aprende quem é bem ensinado (…) há mais de 30 anos, acreditava-se que o único responsável pelo fracasso escolar era o estudante. Vagarosamente, estamos aprendendo a compreender que todo o sistema está comprometido”, ressaltou ele, afirmando que há muitas outras razões, além do próprio estudante, podem conduzir ao fracasso escolar.
Para Luckesi a educação para a vida tem que ser o grande objetivo das escolas, tendo o currículo como uma ponte para acessar a essa complexidade, para que esses sujeitos possam se colocar como sujeitos críticos, reflexivos, transformadores do tempo em que vivem, “e isso perpassa naturalmente por uma relação de compromisso entre docentes e discentes”. Tendo o currículo como um guia selecionador dos conteúdos, disse: “o que tem que ensinar é aquilo que tem que aprender”.
Usando a si mesmo como exemplo, contou já ter sido um estudante multirrepetente, tendo sua vida transformada por um professor. Em mente essa e outras experiências, propôs um desafio com base em 2200 mil professores, dizendo: “se eles (os 2200) apenas prepararem 30 estudantes bem-educados, e esses se multiplicarem, veremos a força e o poder da deles (educadores) ”.
Convidando a todos para aprender afirmou ser preciso explicar quantas vezes forem necessárias, afim de ajudar os estudantes no que for necessário em suas avaliações. “O ato de avaliar, é o ato de qualificar o estudante (…) o mesmo determinado para a vida”, conclui o professor que ainda propõe ser o avaliar, uma ação auxiliar na produção de resultados dos gestores da educação.
Falando ainda sobre gestão, descreve que o gestor é aquele que administra a ação e produz a qualidade do ensino. Aplicando nesta, métodos de avaliação simples como: A EXPOSIÇÃO (no trazer a informação), o ato de ASSIMILAR (na escolha do conhecimento e o fazer assimilar, exemplo disso a frase: “Professor eu ainda não compreendi…” ele está dizendo que ainda não assimilou, não compreendeu a informação), o COMPREENDER (o conteúdo), EXERCITAR (treinar, estudar…) e SÍNTESE (para criar as habilidades (depois que tenha domínio, possa aplicar, e vai aplicar para o resto da vida)).
Deixando um alerta aos educadores, atentou para o mal-uso de frases como: “Vocês tomem jeito… vocês vão ver… vocês não vão passar… a prova está chegando…”. Segundo Luckesi tudo fica no subconsciente dos estudantes e isso reflete durante a avaliação pôs o ato de avaliar não é “ameaçar ninguém, o conhecimento é muito amplo, não dá para ensinar tudo”.
Finalizando a sua explanação aos educadores o professor, cita que “o recurso da reprovação, não existe em sistemas escolares de países que efetivamente investem na qualidade da aprendizagem”, fazendo assim uma reflexão do modo de avaliação existente em nosso País.
ASCOM/EDUCAÇÃO | da Redação
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