Foto: Reprodução / Facebook
Na tarde desta sexta-feira (11), a estudante Deborah Fabri, de 19 anos, postou em seu perfil no Facebook um relato sobre o “trauma enorme” que sofreu após ter o olho esquerdo perfurado por estilhaços de uma bomba lançada pela Polícia Militar (PM) durante um protesto ocorrido em 31 de agosto deste ano. A jovem perdeu a visão do olho atingido pela bomba.
“Não é fácil, nunca foi, tô (sic) passando por uma barra, o trauma foi enorme, ainda to (sic) num processo de recuperação físico e psicológico, a recuperação e a adaptação não é fácil, andar com o olho esquerdo sempre fechado, inchado, com algumas cicatrizes fazendo com que todo mundo ao meu redor sempre pergunte”, escreveu ela.
Deborah conta que, após o acidente, não conseguiu mais retomar os estudos na Universidade Federal do ABC (UFABC). “Ter tentado voltar às aulas e não ter conseguido não foi fácil, lidar com a exposição absurda que tive não foi fácil também”, desabafa. Na publicação, a jovem também critica o atendimento que recebeu durante o depoimento que prestou à polícia logo após a ocorrencia do fato.
A estudante não menciona quando e onde prestou depoimento, mas afirma ter sido interrogada com perguntas tendenciosas e invasivas. “(…) Me cansam de perguntas intermináveis e depois viram o jogo pra uma artilharia pesada fazendo perguntas invasivas e carregadas, perguntas que possuem uma afirmação embutida (…) por exemplo “Você foi para lá sabendo dos riscos? Você faz parte de algum partido? Você faz parte de algum grupo social? O que motiva a polícia ter tacado bombas? Você disse uma vez na internet numa discussão sobre história (…)”.
Ao final do texto, Deborah agradece à militância e diz que não se arrepende “jamais” de participar das manifestações, onde aprendeu a lutar e ver sociedade de outra forma. “O mundo que eu enxergo hoje, apenas dois olhos nunca enxergarão, mais importante que a visão de um olho é enxergar com o coração. Minha imagem carrega o retrato da violência, mas meu coração carrega força, resistência e amor”.