A solenidade de Corpus Christi está no calendário da Igreja Católica desde 1264, quando a data foi definida oficialmente pelo papa Urbano IV. A data foi escolhida para que os fiéis pudessem celebrar a um dos principais sacramentos da fé católica: a Eucaristia, que é o corpo de Jesus Cristo, segundo os ensinamentos da Igreja.

Apesar de muitos acreditarem que a Eucaristia apenas representa o corpo de Cristo, a Igreja Católica ensina que ali está presente a segunda pessoa da Santíssima Trindade, o Filho de Deus. A crença na presença real de Jesus na Eucaristia é explicada pelo Papa Paulo VI, na encíclica Mysterium fidei, de 03 de setembro de 1965.

“Esta presença chama-se ‘real’, não por exclusão, como se as outras não fossem ‘reais’, mas por antonomásia, porque é substancial, quer dizer, por ela está presente, de fato, Cristo completo, Deus e homem. Erro seria, portanto, explicar esta maneira de presença imaginando uma natureza ‘pneumática’, como dizem, do corpo de Cristo, natureza esta que estaria presente em toda a parte; ou reduzindo-a a puro simbolismo, como se tão augusto sacramento consistisse apenas um sinal eficaz ‘da presença espiritual de Cristo e da sua íntima união com os fiéis, membros do Corpo Místico’.”

O sacramento da Eucaristia, vivenciado na celebração da Missa, é uma referência à Última Ceia, realizada durante a Semana Santa, como é descrito na Sagrada Escritura. No Evangelho de Lucas 22,19 e em Coríntios 11,24-26, Jesus, ao consagrar o pão e o vinho, diz aos seus discípulos: “Fazei isto em memória de mim”. Para o padre Paulo Ricardo, Jesus sendo Deus, não poderia se enganar, logo, não poderia estar se referindo apenas a um memorial.

“Jesus está presente substancialmente na Eucaristia, não somente enquanto Deus, mas também enquanto homem, ressuscitado, glorioso, completo. Essa ‘presença’ a Igreja chama de substancial. […] A aparência, o gosto, o peso, o formato, tudo é de pão, mas a substância não é pão: é Jesus, corpo, sangue, alma e divindade. Jesus inteiro, completo, homem e Deus”, explica.

No dia em que é celebrado Corpus Christi, os fiéis católicos produzem um tapete que costumam encantar a todos nesse período. Durante a celebração, o padre passa pelo tapete segurando o ostensório que é responsável por armazenar a Eucaristia que é levada em procissão para adoração dos fiéis.

Esses tapetes possui uma tradição muito antiga, surgindo em Açores, em Portugal, no século XIII e foi introduzida no Brasil durante o período colonial. Por ser uma tradição de enorme valor para os católicos, até hoje ela é mantida nos dois países.

Devido a pandemia causada pelo Covid-19, a celebração da Solenidade de Corpus Christi teve que ser diferente na Arquidiocese de Salvador. Com um número reduzido de fiéis e sem procissão, o novo Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Cardeal Dom Sergio da Rocha, presidiu a Missa às 10h, na Catedral Metropolitana Transfiguração do Senhor, no Terreiro de Jesus.

Após a celebração, o Cardeal expôs o Santíssimo Sacramento na porta da Catedral, abençoando a cidade de Salvador.