O político francês Dominique Strauss-Kahn deve voltar nesta quinta-feira à corte de Nova York para um novo pedido de fiança, horas depois de renunciar ao cargo de diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional) para se dedicar exclusivamente às acusações de abuso sexual contra uma camareira do hotel em que se hospedou, no sábado passado, em Nova York.
Preso desde segunda-feira (16) em um dos maiores complexos americanos, a prisão da ilha de Rikers, Strauss-Kahn vai retornar à corte de Manhattan na tarde desta quinta-feira para pedir novamente a liberdade sob fiança. A medida deve enfrentar grande resistência da acusação.
Nos papéis entregues por seus advogados na véspera, Strauss-Kahn diz ter entregue seu passaporte e garantiu que não vai fugir do país. Na segunda passada, a juíza Melissa Fleming negou o pedido de uma fiança de US$ 1 milhão pelo risco de fuga –o então diretor do FMI foi preso na primeira classe de um voo para Paris, a apenas dois minutos da decolagem.
A proposta dos advogados é que Strauss-Kahn pague US$ 1 milhão e viva em prisão domiciliar na casa de sua filha, Camille, estudante da Universidade Columbia, além de usar aparelho de monitoramento 24 horas por dia.
Strauss-Kahn, 62, “é um pai e marido amoroso, e um diplomata, político, advogado, economista e professor muito renomado, sem registro criminal”, apelou seu advogado.
Na noite desta quarta-feira, Strauss-Kahn renunciou como diretor-gerente do FMI, dizendo que precisa usar toda sua energia para defender-se das acusações.
“Eu nego, com a maior firmeza possível, todas as acusações feitas contra mim”, disse ele em sua carta de renúncia, divulgada pelo FMI e datada de 18 de maio. “Eu quero devotar toda minha força, todo meu tempo e toda minha energia para provar minha inocência.”
SUCESSÃO
Por enquanto, John Lipsky continua no cargo interinamente. A renúncia de Strauss-Kahn intensifica o debate sobre quem deve liderar o FMI e se é tempo de mudar a tradição criada em 1945, que diz que um europeu chefia o FMI e um norte-americano fica à frente do Banco Mundial.
O ministro júnior dos Transportes da França, Thierry Mariani, disse que a ministra da Economia do país, Christine Lagarde, seria uma “candidata muito boa”, mas que pode ser difícil ter outro diretor-gerente francês ‘no atual contexto’.
ministro das Finanças sueco, Anders Borg, também endossou o nome de Lagarde, que já dirigiu uma grande empresa de direito em Chicago antes de juntar-se ao governo. Até agora, ela preferiu não comentar se estaria interessada.
Diplomatas disseram que a Alemanha, a maior economia europeia, é a favor de Lagarde, mas ela também enfrenta problemas, já que um promotor público recomendou que ela seja investigada por sua conduta em um caso legal envolvendo um ex-político. Deve ser decidido em meados de junho se haverá um processo.
O membro do Banco Central Europeu (BCE) Nout Wellink disse na quarta-feira que o presidente do BCE, Jean-Claude Trichet, que já está de saída, seria um sucessor “fantástico” para o FMI. No entanto, as regras do FMI dizem que seu chefe não pode ter mais que 65 anos e Trichet tem 68.
Os países emergentes, que têm demandado ter maior voz no FMI, vêm pressionando para poder apontar um candidato local para a chefia do Fundo.
China e Japão pediram nesta quinta-feira um processo aberto e transparente “baseado no mérito”–, uma forma velada de se opor a outro europeu. Brasil, México e África do Sul também sugeriram uma nova postura na sucessão.
“Como concordado no G20, diretores de organizações financeiras internacionais deveriam ser escolhidos com base em suas habilidade, por meio de um processo aberto e transparente”, disse o ministro das Finanças japonês, Yoshihiko Noda.
*DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS