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Corrupção: Da teologia da política à trindade do mal

Corrupção: Da teologia da política à trindade do mal

Não é confortável falar de corrupção em função de ter se tornado uma espécie de filosofia político-religiosa, ou um dogma do ambiente político-empresarial. De Religião e corrupção não se discute. Todavia, há, sem dúvida, crenças na teologia da política.
Uma dessas crenças é o fato de que somente se elege quem compra votos. Outra crença é o fato de todo político é corrupto, ou se envolve em atos de corrupção ativa ou passiva, quando entra na arena política das relações entre executivo e legislativo.
Os inúmeros casos de corrupção sempre envolvem agente público, agente político e agente da iniciativa privada, formando uma espécie de trindade do crime. A trindade do crime se apossa das receitas públicas através de um instrumento jurídico chamado licitação. Não há melhor lei do que a de licitação pública, ela normatiza todo o processo da despesa pública e determina os requisitos necessários para se tornar fornecedor das três esferas de governo. A questão é a ação “involuntária” dos referidos agentes que pairam acima do que é legal para atender aos interesses particulares em detrimento dos interesses públicos.
O “modus operandi” é de fácil identificação pela própria fragilidade dos nossos controles e da decaída natureza dos agentes em pender para o que é mal. Imaginemos um espantoso orçamento público, sustentado por um sistema de tributário pesado e ávido por dinheiro, onde há várias dotações para saúde e para educação;os agentes da trindade do mal percebem que a quantidade de recursos para aplicação nessas áreas é uma gigantesca “tentação diabólica”. Então, inicia-se a disputa feroz entre os grupos políticos e empresariais que montam estratégias das mais variadas para que o edital, peça inicial do processo licitatório, seja o retrato da empresa ou fornecedor que se “quer” contratar. Não bastando descrever o vencedor no edital, é necessário encaminhar propostas que sejam frutos de acordos prévios que podem direcionar, matematicamente, os recursos para o vencedor desejado. Tudo isso é feito nos santos espaços das instituições públicas e privadas, onde também trabalham pessoas honradas e honestas, referenciais de bons costumes e dignas de apreço e respeito. Mas, na teologia política, onde está o trigo está o corrupto, ou seja, o joio.
A matemática da trindade do mal, ou do crime, é parasita do erário. Ela se descontrola e se agiganta com a possibilidade de onerar milhares de cidadãos por meio da chamada “comissão por fora”. A comissão é a água (não benta, diga-se de passagem) que irrigará os bolsos dos agentes trinitários, que prosperam e crescem em função da incapacidade dos agentes legais e instrumentos jurídicos de prendê-los.
Lamentavelmente, não há nada que possa impedir os agentes trinitários de participarem dos processos licitatórios. Eles recitam e pregam sempre que “nem só de comissão vive o homem, mas de toda grana que sai dos cofres públicos para a saúde e para a educação”. Eles zombam da justiça e dos injustiçados. Eles são espertos e sádicos. “Roubar para crescer”, é o lema da seita.
Avisar ao povo que é impossível prender um corrupto é tão necessário quanto pedir ao mesmo povo que pague seus tributos, pois sem
pagamento a máquina pública não funciona e a trindade do mal necessita enormemente desse fluxo de dinheiro que enche os cofres públicos e que são canalizados de forma hidratante aos bolsos dos supracitados agentes da trindade do mal.
A certeza de que não serão presos permite a expansão do cinismo e a incorporação de novos adeptos à seita. A trindade do mal é próspera num ambiente de pobreza política de baixo nível intelectual.
A teologia política anda de mãos dadas com os adeptos da seita “dinheiro é o que queremos, senhor!”. Para alcançar seus objetivos teológicos e políticos é importante combater a imprensa livre, desqualificar a polícia federal, os tribunais de controle das contas públicas e qualquer pensador corajoso que queira despertar os justos e os honestos homens de bem, que nasceram para construir uma nação melhor. Esses homens são predestinados a tocarem trombetas para acordar a sociedade e incitá-la a fazer grandes reformas.
A reforma virá. Mas não virá mediante a chegada de um “Messias” de algum partido teológico-político. Virá por meio do avivamento coletivo que buscará a verdade sobre nosso presente e determinará um novo futuro.
A verdade somente liberta quem a busca. Busca-se a reforma do corpo, da sala e do vestuário, mas não se busca uma reforma da alma cidadã. Ela está maltratada e sua participação na luta política vem sendo vilipendiada.
Se houvesse justiça não haveria nem purgatório para os componentes da seita “dinheiro é o que queremos,senhor!”. Entretanto, há misericórdia por meio da memória fragilizada dos desgraçados sociais que não sabem pensar, nem ler, nem escrever politicamente. Há misericórdia também por meio dos incapazes de opinar e determinar um novo modelo de relações políticas. Há misericórdia com os maus, quando se permite que não sejam condenados pelos atos ilícitos.
É preocupante a falta de discernimento do grupo que poderia revolucionar tudo, mas que se encontra apagado: os universitários. Eles se encontram muito distante do comportamento do período golpista de 1964 e do período fora Collor. Alguns optam por não fazerem nada. Não há filosofia política que os conduza. Estão presos ao pragmatismo das necessidades básicas em que o circo e o pão são os alimentos da cabeça e do corpo… Lamentavelmente a graça da mobilização política não os alcançou. A praga dos ossos secos os consome. Eles lêem, mas não entendem…
Somente uma teologia da libertação política pode nos salvar da trindade do mal e da sua teologia nefasta. Somente os santos de coração e de consciência poderão apertar os botões da urna eletrônica capaz varrer da política os adeptos da seita “dinheiro é o que queremos, senhor!”.
Não se apresentar para fazer a reforma é se permitir ser enganado, humilhado e aprisionado. Liberte-se. Em nome da democracia, da justiça e da verdade.

* João Carlos Vieira da Silva é Administrador Público, consultor, professor universitário, treinador, pai e cidadão. Contatos: jcvs.cons.adm@hotmail.com


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