Em entrevista ao repórter Romulo Faro, o novo secretário estadual da Infraestrutura, Wilson Alves de Brito Filho, fala sobre os investimentos e projetos da área (a exemplo da ponte Salvador-Itaparica); o programa Luz para Todos, que tem a meta realizar 460 mil novas ligações até dezembro; diz que vai dar continuidade aos projetos iniciados na gestão do seu antecessor, o deputado federal João Leão, inclusive ao polêmico projeto “buraco zero”; e se empolga ao avaliar a atuação governo baiano na área de infraestrutura: “Nunca houve na história deste estado tanto investimento em nesse setor”.
Agrônomo pela Universidade Federal da Bahia (Ufba), Wilson Brito acumula, aos 48 anos, foi deputado estadual, prefeito da cidade de Prado e vereador nas cidades de Alcobaça e Teixeira de Freitas.
Política Hoje – A Seinfra conta com um orçamento da ordem de R$ 700 milhões. Em termos de caixa, como está a secretaria hoje?
Wilson Brito – As secretarias não mantêm dinheiro em caixa. O Estado funciona em regime de caixa único, administrado pela Secretaria da Fazenda. À medida que vai se executando o orçamento, solicita-se o recurso da fazenda para efetivação do pagamento.
PH – E os projetos que já estão em execução? Haverá modificações? Quais são as prioridades na sua gestão?
WB – A prioridade da minha gestão é dar continuidade aos projetos que já estão em andamento.
PH – Quanto ao PAC, como está o repasse de recursos para a Bahia? Quais são as obras prioritárias para o estado que dependem de recursos do Programa?
WB – A única obra da Seinfra até, o momento, que contará com recursos do PAC é a instalação da Ferrovia Oeste-Leste nos municípios de Ilhéus e Luís Eduardo Magalhães. O investimento é da ordem de R$ 4,5 bilhões e a ferrovia beneficiará mais de um milhão de pessoas. O prazo de conclusão é 2012.
PH – E sobre a “fama” de a Bahia ter algumas das piores rodovias do país. O ex-secretário João Leão assumiu a pasta com a promessa de executar o projeto que ficou conhecido como “buraco zero”. Na prática seria melhorar a infraestrutura, sobretudo asfáltica. O senhor tem dados exatos sobre a extensão dos trechos recuperados e aqueles que precisam ser recuperados? É possível zerar esse passivo durante a sua gestão?
WB – Esses problemas são crônicos e não vêm de agora. O que a gente viu na história administrativa do Estado é que muitas ações na infraestrutura foram feitas de forma eleitoreira e isso refletiu de forma negativa nas ações do Derba. Só para se ter uma ideia, muitas das nossas estradas foram construídas com tratamento contra-pó, que é uma borra asfáltica de péssimas qualidade e que não tem durabilidade nem de seis meses. No primeiro momento a inauguração das estradas deixava as pessoas felizes, mas depois as frustava.
PH – O projeto ‘buraco zero’ terá continuidade na sua gestão? Como o senhor pretende conduzir o processo de recuperação das rodovias?
WB – Sim. Os procedimentos destas ações continuarão da forma como vinham sendo executados. Onde houver problema com buracos, a Seinfra fará a correção.
PH – Existe recurso suficiente para mudar essa história? O que pode ser feito, concretamente, até o final ano?
WB – Os recursos existem, tanto sim que as obras vêm sendo realizadas melhorando as estradas no decorrer da gestão do governo Wagner.
PH – Até o último mês de setembro, 600 mil lares baianos ainda não tinham energia elétrica. Como está esse quadro hoje? Até o final do mandato do governador quantos serão beneficiados com o programa Luz para Todos?
WB – O programa Luz para Todos foi iniciado em 2004. Até o final de março deste ano foram feitas 371 mil novas ligações, a um custo de cerca de R$ 2 bilhões. Na gestão do governador Jaques Wagner, a partir de 2007, o número de instalações foi de 236 mil. A meta do programa é de realizar até o próximo mês de dezembro 460 mil novas ligações.
A meta do governo do Estado hoje é que, mesmo que a gente faça o serviço em termo quantitativo menor do que o desejado, o faça com boa qualidade.
PH – Na gestão anterior a do senhor também foram prometidas melhorias no sistema ferry-boat de Salvador, sobretudo no que diz respeito à quantidade de embarcações disponíveis, que não atende ao número de usuários. O que será feito na sua gestão para melhorar a qualidade desse serviço?
WB – Assumimos anteontem (05) e ainda estamos tomando conhecimento das estruturas da Secretaria. Ainda não tivemos contato com a Agerba, que é quem regula os transportes do Estado da Bahia, portanto ainda não posso dizer em que pé estão as providências nesse sentido. Sabemos que o ferry-boat de Salvador é uma “pedra no calcanhar de Aquiles” da Agerba e do governo do Estado e vamos sentar com a TWB (empresa que administra o transporte) e ver como estão as coisas.
Mas, em princípio, eu tenho certeza de que o que é preciso para melhorar o sistema é aumentar o número de embarcações. Dois novos motores já estão comprados e estamos aguardando a chegada para instalação nas embarcações. A previsão é de que os equipamentos nos sejam entregues até o final deste mês.
PH – Ainda com relação ao ferry. Pode-se afirmar que os transtornos vividos pelos passageiros no feriado da Semana Santa não se repetirão no São João, por exemplo?
WB – Não posso dizer nada concreto ainda. Estou me inteirando dos assuntos da Seinfra e vou analisar com carinho o contrato com a TWB, ver se algum acordo está sendo descumprido e buscar soluções.
PH – E sobre o trânsito de Salvador, que vem se tornando mais caótico a cada dia, existe algum projeto de obras viárias para melhorar essa situação?
WB – A construção da Via Expressa é uma das providências tomadas pelo governador Jaques Wagner no sentido de melhorar o trânsito na capital. O projeto da ponte que vai ligar Salvador a Ilha de Itaparica é outro investimento do governo do Estado em parceria com o governo federal. Existem estudos e o governo da Bahia está investindo na infraestrutura. Nunca houve na história deste estado tanto investimento em nesse setor como temos hoje.
PH – Quais são os desafios da Seinfra hoje?
WB – Existem vários desafios. A demanda dos investimentos de infraestrutura na Bahia estava reprimida. Hoje eu diria que os olhos do Brasil e de grandes empresas, inclusive internacionais e multinacionais estão voltados para a Bahia. Só o BNDES tem um projeto de pedido de financiamento de investimento no Estado da ordem de R$ 2,5 bilhões para implantação de indústrias, de empreendimentos na área de mineração e geração de energia. Isso significa que o Estado está crescendo. Então o grande desafio é buscar o recurso.
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