O jornalista Joelmir Beting, 75 anos, morreu à 1h desta quinta-feira (29/11) em São Paulo. De acordo com o boletim médico emitido pelo Hospital Israelita Albert Einstein, ele não resistiu a um acidente vascular encefálico (AVE) hemorrágico. Nessa quarta-feira (28/1), o estado clínico dele era grave e irreversível. Beting estava internado desde 22 de outubro, para o tratamento de doença autoimune, da qual vinha se recuperando, mas já estava sedado e respirava com a ajuda de aparelhos. O corpo será enterrado às 14h, no cemitério do Morumbi.
Nascido em Tambaú, cidade interiorana de São Paulo, o também sociólogo nasceu no dia 21 de dezembro de 1936. De boia fria na infância, ele se tornou um dos principais jornalistas de economia do país. Beting se formou em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (USP), mas escolheu o jornalismo como a profissão e o modo de vida.
Antes mesmo de terminar o curso em 1962, ele já havia iniciado carreira em 1957, quando trabalhou em jornais como O Esporte e Diário Popular, ambos em São Paulo, como repórter de esportes. Trabalhou também na rádio Panamericana (atual Jovem Pan), Gazeta, Bandeirantes e CBN. Foi contratado em 1966 pela Folha de São Paulo para lançar a editoria de Automóveis. Dois anos depois lançou a editoria de Economia do mesmo jornal, inaugurando uma coluna diária a partir de 1970, que tratava de desmistificar a economia.
Paralelamente à coluna na Folha, Joelmir passou, ainda em 1970, a participar de programas de rádio, na Jovem Pan, e de televisão, na Record, onde se tornaria conhecido do grande público, com suas participações nos telejornais da Rede Globo, onde permaneceu entre agosto de 1985 e julho de 2003.
Joelmir Beting mediou o primeiro debate entre candidatos a eleições, na Band, e a entrevista com os membros da equipe econômica de Fernando Collor em março de 1990, quando Paulo Henrique Amorim detalhou uma das principais medidas do Plano Collor, o confisco. A curiosa reação, de encarar câmera, arregalar os olhos e escancarar a boca, serviu de imagem para o Jornal do Brasil no dia seguinte, sob a manchete “A cara da nação”.
Posso falar?
O jornalista causou polêmica em 2003 ao aceitar o convite do banco Bradesco para participar de uma campanha publicitária. Os jornais onde ele mantinha coluna consideraram a prática incompatível com a profissão e suspenderam a publicação de sua coluna diária. Em 4 de dezembro, ele publicou um artigo intitulado “Posso falar?”, em que deu explicações acerca do episódio, afirmando que “o jornalismo não deveria se envergonhar da publicidade”. Mesmo assim, a coluna continuou sendo distribuída pela Agência Estado, para cerca de trinta jornais, até janeiro de 2004, quando Beting resolveu suspendê-la, depois de 34 anos.
Desde o episódio até a morte, Joelmir se dedicou prioritariamente ao rádio e à televisão, além de uma agenda de palestrante e debatedor de assuntos macroeconômicos. Ele era casado com a jornalista Lucila Beting e pai do também jornalista Mauro Beting e do publicitário Gianfranco Beting.