Pouco antes das 2h30 (horário de Brasília) desta quarta-feira, 7 de novembro, as projeções apontaram a vitória do presidente Barack Obama nos Estados decisivos de Ohio e Iowa. Com isso, o democrata garantiu mais de 270 votos no Colégio Eleitoral e assegurou sua reeleição. Veja os números em âmbito estadual e nacional.
O presidente dos EUA, Barack Obama, foi reeleito. E agora? O que seu segundo mandato significa para as relações dos EUA com outros países e regiões?
Will Grant, da BBC no México, diz: “Há um suspiro de alívio quase audível no México com a reeleição de Obama. Ainda há uma percepção ampla no país, e ao redor da América Latina, de que republicanos não representam ou compreendem o interesse de hispânicos nos EUA, nem, por extensão, de suas famílias ao sul da fronteira. No entanto, mais imigrantes ilegais foram deportados sob a gestão de Obama do que por qualquer governo desde os anos 1950.
Ainda assim, muitos na América Latina esperam que um segundo mandato de Obama signifique uma relação melhor com os vizinhos dos EUA. Muitos acham que Obama não cumpriu o que prometeu sobre a América Latina – seja no que diz respeito às relações políticas com a Venezuela, ao embargo comercial com Cuba ou à violenta guerra contra as drogas no México.
Entretanto, o voto que mais afetará o México não é o que definiu o ocupante da Casa Branca, mas o sobre a legalização da maconha no estado de Washington e no Colorado. Muitos analistas esperam que a decisão de passar a medida desfira um profundo golpe nos enormes lucros dos poderosos carteis de droga mexicanos. A maconha é responsável por boa parte de seu lucro, no valor de US$ 6 bilhões (R$12,3 bilhões) por ano, através do tráfico ilegal.
O correspondente da BBC em Bruxelas Chris Morris afirma: “A Europa acordará hoje com um suspiro de alívio. As pesquisas de opinião sempre mostraram o presidente Obama como mais popular que o governador Romney no continente – para a maior parte dos governos, também, a continuidade em Washington é melhor do que uma troca de guarda. O secretário do Tesouro americano, Tim Geithner – assim como o próprio presidente -, está profundamente envolvido com discussões sobre a zona do euro. A União Europeia está tão envolta em debates internos sobre a crise na zona do euro que não quer distrações externas. A UE também vem trabalhando de forma próxima ao governo Obama em vários itens da política externa – o Irã em particular. Mesmo que haja mudanças na equipe de Obama num segundo mandato, a vitória do presidente significa que não haverá uma mudança dramática de rota que as capitais europeias tenham que equacionar.
O correspondente da BBC Martin Patience escreve, em Pequim: “A vitória do presidente Obama ocorre um dia antes do começo do congresso que determinará a mudança de liderança chinesa – o que ocorre uma vez a cada década. Então o foco dos líderes chineses está em casa – e não além do Pacífico.
Mas durante a campanha presidencial americana, ambos os candidatos foram bastante críticos da China, pressionando a China pelo que viam como práticas comerciais injustas. Alguma ressaca de dor dessas acusações pode permanecer por muito tempo depois das eleições. As relações entre os dois países passaram por momentos de tensão nos últimos anos – particularmente no que diz respeito a assuntos econômicos.
Pequim também está profundamente preocupado com a estratégia de Obama de reforçar sua presença militar na Ásia. Algumas autoridades chinesas acham que Washington está tentando conter o avanço da China. Serão esses assuntos que dominarão a relação diplomática mais importante do mundo.
Quentin Sommerville, da BBC em Cabul, escreve: “Muito no Afeganistão é visto agora sob o prisma do fim da operação de combate liderada pelos EUA aqui. Uma mudança no comandante-em-chefe não deveria fazer muita diferença na política americana – houve pouca diferença entre os candidatos, para além do fato de Romney afirmar que ouviria mais os generais que estão no país.
A questão à frente de Obama agora é o quão rapidamente o restante das tropas americanas voltará para casa, e quantas serão deixadas após 2014. Os comandantes militares querem uma retirada mais gradual, e que uma força de cerca de 10 mil homens permaneça. Mas a Casa Branca, com um mandato renovado, deve pressionar por uma saída acelerada, com menos soldados e fuzileiros americanos ficando para dar assistência às forças afegãs, após 2014.
Mohsen Asgari, em Teerã para a BBC, escreve: “Muitos no Irã estavam preocupados, achando que se um republicano vencesse, isso significaria guerra, e acreditavam que uma vitória de Obama tornaria a vida das pessoas mais segura, porque os EUA então acelerariam a retomada das negociações por uma nova rodada de conversas sobre as ambições nucleares iranianas.
No entanto, alguns ativistas políticos iranianos acreditam que a vitória de Obama significará mais pressão sobre o Irã. ‘Barack Obama goza de popularidade considerável junto à comunidade internacional, diferentemente de Romney, e isso o ajudará a reforçar a coalizão contra o Irã e pôr mais pressão sobre o país’, diz Naser Hadian, professor de política da Universidade de Teerã.
Andrew Harding, da BBC em Johanesburgo, escreve: “Obama fez apenas uma visita à África subsaariana em seu primeiro mandato. O quanto isso mudará no segundo mandato? Essa questão foi, talvez compreensivelmente, pouco levantada na campanha eleitoral – que focou em assuntos domésticos e nas revoltas árabes.
Nos bastidores, a diplomacia americana sem dúvida continuará furiosamente sob demandas internacionais múltiplas. O começo de um segundo mandato deve ser marcado por mais do mesmo: esforços internacionais para retirar rebeldes da Al Qaeda do norte do Mali – por força ou negociação – e esforços para garantir que o Zimbábue e o Quênia evitem repetir a violência que marcou suas últimas eleições.
Até agora não há sinal de uma grande “Doutrina Obama” para a África – e talvez isso seja bom, dada a diversidade e a complexidade do continente.