Painel : Bastidores de Brasília
Sem efeito colateral – Além de detectar o estreitamento da vantagem de Dilma Rousseff sobre a soma das intenções de voto atribuídas aos adversários, a nova pesquisa Datafolha contraria a previsão, muito repetida por petistas, de que a rejeição de José Serra explodiria na esteira da utilização eleitoral do “Erenicegate”.
O tucano, que levou as denúncias de tráfico de influência e pagamento de propina na Casa Civil à propaganda de rádio e televisão, manteve inalterada sua taxa, de 31% – a mais alta entre os candidatos à Presidência. Já Dilma oscilou de 22% para 24%. E Marina Silva (PV) recuou de 18% para 17%.
Quem te viu – De um aliado de primeira hora de Dilma, comentando o destempero da candidata diante de reportagem da Folha sobre sua atuação no governo gaúcho: “Ela teve uma recaída. Parecia até ela mesma”.
É o salário – Antes da divulgação do Datafolha, tucanos creditavam sinais de alguma melhora na performance de Serra no Nordeste à promessa do salário mínimo de R$ 600. Ele oscilou de 18% para 20% na região.
Silêncio total – Cinco dias depois de ter sido acusado de receber propina de R$ 200 mil quando funcionário da Casa Civil, Vinicius Castro ainda não veio a público, pessoalmente ou por meio de advogado, para contestar a informação publicada.
Cadê? – Stevam Knezevic, que deixou a Casa Civil alvejado por denúncias de tráfico de influência, deveria ter se apresentado à Anac, seu órgão de origem, na segunda-feira. Até ontem, contudo, não havia comparecido.
Caixa postal – Em meio à disputa pelas 1.500 franquias dos Correios cujos contratos vencem em novembro, parlamentares governistas foram procurados por franqueados, que ameaçam greve em repúdio às condições impostas no edital. O recado chegou ao governo, que quer evitar um “apagão postal”.
Freio – Setores do PT e do governo reagiram com algum receio à convocação para o “Ato contra o golpismo da mídia” previsto para hoje em SP. Apesar de reservadamente endossarem as críticas do movimento, temem dano à campanha de Dilma.
Debandada – Oficialmente coligado aos tucanos, o PMDB-SP redige um manifesto de apoio a Dilma subscrito pelas bancadas de vereadores paulistanos, da Assembleia Legislativa e da Câmara. Somente a deputada estadual Vanessa Damo, que tem como base eleitoral Mauá, reduto petista, não deve assinar o documento.
Herança – A ala de Michel Temer, vice na chapa de Dilma, ganhou musculatura com o afastamento, por motivo de saúde, de Orestes Quércia, fiador do acordo com o PSDB paulista. Hoje, os peemedebistas calculam que 40 dos 69 prefeitos filiados ao partido são dilmistas.
Tiroteio
“Propostas muito boas! No desespero, só falta o Serra prometer que vai mandar baixar o preço dos pedágios em São Paulo”
Do deputado PAULO TEIXEIRA (PT-SP), sobre o compromisso, assumido pelo candidato tucano, de elevar o salário mínimo para R$ 600 e criar uma espécie de 13º para os beneficiários do Bolsa Família.
Contraponto
Fé no bisturi – Na entrada do Palácio do Planalto, onde esteve para conversar com Lula, Silvio Santos foi abordado por uma senhora que trazia uma corrente no pescoço, símbolo, segundo ela, da igreja evangélica à qual pertence. Brincando, o dono do SBT comentou que também é fiel a uma igreja:
– A de Nossa Senhora da Plástica… Para ficar nessa igreja você tem que dar o dízimo. Entra na segunda-feira e sai com cara de sábado!